domingo, 29 de outubro de 2017

Como sobreviver em uma universidade sem se contaminar pelas ideologias?


Autor do Artigo: Pedro Henrique Alves
Recebo alguns e-mails de universitários me pedindo direcionamentos sobre como ser oposição em meio as doutrinações da esquerda nas universidades e faculdades do Brasil; esta resposta não é tão fácil como parece, mas tentarei elaborar algumas dicas preciosas.
As universidades deveriam ser, por excelência, o local de discussão de ideias, de prática democrática e, principalmente, de respeito as opiniões contrárias, entretanto, nem sempre é assim, e isto se dá por um motivo: o apego ideológico. Marx já dizia em seu panfleto, “manifesto do partido comunista”, que um genuíno comunista deve abandonar sua forma de pensar individual e assumir a forma de pensar do proletariado: “Quando são revolucionários eles o são em vista da iminente transição para o proletariado; não defendem, pois, seus interesses presentes, e sim os futuros; abandonam seu ponto de vista para assumir o do proletariado”[1], sendo assim, muitos dos professores, principalmente os mais radicais, estão embebecidos em suas missões de formar uma nação “igualitária e justa”, ao molde socialista, em fidelidade a causa marxista. Neste processo, em suas cabeças, qualquer oposição, de qualquer natureza, representa um mal, afinal, você “está defendendo a desigualdade e a injustiça”; isto se dá em escalas de mais a menos radicalidade, porém, acontece em todas universidades que possuem professores militantes da esquerda.
De certo modo não há como culpa-los, pois, a ideologia, como bem nos instruiu Russell Kirk, clama para si uma espécie de dogmatismo religioso, ou, com as suas próprias palavras, uma “religião invertida”, onde, ou você aceita as premissas da ideologia como verdadeiras, ou você é uma espécie de herege e merece ser rechaçado. Neste processo de religião invertida a ideologia pede uma fidelidade incondicional de seus fiéis (partidários), não fidelidade a todos os preceitos de um determinado partido, mas sim fidelidade às bases dos princípios da ideologia marxista. Os professores de esquerdas são vitimados por este dogmatismo que os tornam cegos.
A oposição na academia acontece quando, primeiramente, já existem pessoas com uma verdadeira base de conhecimento político-filosófico.
Tanto da própria literatura de esquerda, quanto da literatura liberal e conservadora, ou seja, a universidade para o conservador, aqui no Brasil, começa antes da própria universidade iniciar seu curso acadêmico. Temos que entender isto: se opor às ideias marxistas e liberais na academia simplesmente por se opor, sem possuir argumentos para defender suas ideias, acaba por desmoralizar-se a si próprio e, ao mesmo tempo, a engrandecer o esquerdista que contigo debate, então, primeiramente é preciso obter um conhecimento básico para se manter o debate em uma esfera aceitável de argumentação. É indispensável que, o opositor ao esquerdismo, conheça profundamente o próprio esquerdismo, que leia Karl Marx, Gramsci, Norberto Bobbio, Leonardo Boff, Paulo Freire, e outros autores utilizados nas universidades brasileiras. Para combater é necessário conhecer, o mesmo se dá com as ideias que você defende, seria meio caminho andado para trás se um esquerdista conhecer mais, e melhor, que você sobre sua posição política.
Quando feito isso é necessário usar de prudência, não é porque se conhece alguns livros que se conhece tudo, ao entrar em uma roda de debate e lhe for requerido que exponha suas ideias, faça com prudência, sem ataques infundados nem com uma espécie de emoção ideológica, faça com respeito, com argumentos fortes e raciocínios claros. Não abra mão de suas convicções por alguma espécie de censura, faça trabalhos sobre o tema que se opõe à esquerda, escreva artigos científicos, procure orientação com professores que se assemelhe mais ao seu pensamento ou que seja mais aberto a ideias novas. Baixar a guarda é dar mais espaço para que a mentalidade da esquerda se hegemonize no local. Não ser radical, não adianta bater o pé e nem entrar em debates acalorados e sem conteúdos, se assim fizer corre-se o risco de haver alguma espécie de destemperança de sua parte. Quem tem bons argumentos não precisa gritar.
Aguente firme, suporte as possíveis provocações e responda com inteligência, não negligencie o professor, apenas tenha argumentos melhores que os dele, formule perguntas sobre o tema tratado nas aulas onde o professor terá de tocar em assuntos que desmoralize a sua própria visão comunista, busque as bases das fundamentações das ideias da esquerda, como o materialismo ideológico e a filosofia Higeliana, entre outros.
Para concluir, é importante alguns pontos serem elucidados: conheça mais e melhor, seja prudente e não seja explosivo ou guiado pela destemperança, tenha argumentos fortes e não desista. Um universitário está em um processo de ganho natural de intelectualidade, todavia, quando ele se torna passível de ser submetido a uma corrente ideológica que não permite questionamentos e contestações de uma outra visão, se torna necessário uma espécie de antidoto. Quando se cresce (intelectualmente) acreditando que esquerda é moralmente melhor que a direita; que a direita é tirânica; quando tudo no ensino se move somente nesta direção, por conta das doutrinações, tende-se a reafirmar esta visão sem que haja contestações, pelo menos no âmbito acadêmico; quando esta ideologia é a única coisa que se ouve, ensina e se doutrina; quando há somente autores e professores que compactuam com estas afirmações, não há espaço para se crer que, na realidade, o mundo pode ser diferente, neste mundo é preciso sair desta caixa vermelha. Em um lugar onde se nasce crendo que a terra é quadrada, os “sábios” confirmam esta ideia, e os livros nos ensinam está verdade, quando chega alguém e nos diz que isto é mentira e que estava tudo errado, geralmente estes são ridicularizados.
É exatamente o que ocorre com os conservadores na academia, quando se propõe outra maneira de pensar que não seja a da esquerda você é cercado com vários rótulos que vão de reacionário a ditador. Quem diria que um dia o novo seria ser conservador e o retrógrado ser revolucionário? Quem diria que para defender ideias conservadoras em uma suposta democracia, haveríamos de ser, antes de tudo, uma espécie de herege para mentalidade acadêmica?
Obs. Este texto é destinado, especialmente, àqueles que já passaram pelo processo de discernimento de ideias e hoje se consideram conservadores.
Fonte: Blog do Carmadélio

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