quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O Salmo Responsorial e o Ministério do Salmista



O Salmo Responsorial e o Ministério do Salmista

Salmo Responsorial

Embora o testemunho de Justino, no séc. II, não nos fale ainda de um salmo intercalado entre as leituras, sabemos que é antiquíssima a sua existência, herdada da liturgia judaica. No tempo de Santo Agostinho era um dos elementos preferidos da Liturgia da Palavra: ele mesmo, nas suas homilias, o cita com frequência e, às vezes, oconverte em tema principal das suas palavras. 

Nos séculos posteriores, foi-se dando mais importância à música que ao texto do salmo e foi-se complicando a sua realização, convertendo-se em patrimônio de especialistas, com o canto gregoriano dos «graduais» e «tractos». Na reforma atual, clarificou-se o papel deste salmo no conjunto da celebração da Palavra. Ao princípio, chamou-se «canto interleccional» mas o nome de «salmo responsorial» acabou por ser o preferido, por duas razões: a sua estrutura condiz mais com a do salmo do que a de um cântico, e a forma de o rezar é responsorial, ou seja, enquanto o salmista lhe recita ou entoa as estrofes, a comunidade vai respondendo com o seu estribilho ou antífona. Na liturgia hispânica, chama-se psallendum. 

O OLM, o novo Lecionário, descreve a finalidade e as modalidades de realização deste salmo responsorial (cf. OLM 19, 22 e 56). Trata-se de dar à celebração um acento de serenidade contemplativa: o salmo prolonga poeticamente e ajuda a comunidade a interiorizar a mensagem da primeira leitura bíblica. Por isso, deve ser dito «da maneira mais adequada à meditação da Palavra de Deus» (OLM 22), sobretudo, com o canto, porque este «ajuda muito a entender o sentido espiritual do salmo e favorece a sua meditação» (OLM 21). 

Salmista


O ministério de cantar como salmista é um dos mais importantes que os leigos podem realizar na celebração. Na última reforma, recuperou-se o Salmo Responsorial, depois de, durante séculos, ter sido substituído pelo «gradual» ou pelo «tracto», que requeriam cantores muito especializados e se realizavam sem a participação da comunidade. 

A origem do Salmo Responsorial e do ofício de salmista remonta à sinagoga e às suas celebrações litúrgicas. Nos textos dos Padres do século IV, como Ambrósio, Agostinho ou João Crisóstomo, inteiramo-nos da importância que lhe concediam nas comunidades cristãs de então. 

O ministério do salmista está cheio de técnica musical e de fé. Sabe música e realiza o seu ministério pensando em ajudar a comunidade: «para desempenhar bem a sua função, é necessário que o salmista seja competente na arte de salmodiar e dotado de pronúncia correta e dicção perfeita» (IGMR 102; cf. OLM 56; in EDREL 858). Entoa as estrofes do Salmo para que a comunidade o possa ir meditando serenamente e responder com o refrão ou antífona cantada. 
O papa S. Dâmaso fala do «placidum modulamen» do salmista, uma «modulação plácida» que ajuda a ir aprofundando o sentimento do salmo. 
Mas, ao mesmo tempo, canta a partir de dentro, «escutando», ele próprio, o que disse a leitura e, agora, o Salmo, saboreando a salmodia, alegrando-se, meditando, suplicando, aclamando ou pedindo perdão, segundo o salmo que está a cantar para si e para os outros. 
Realiza o seu ministério, a partir do ambão, porque o Salmo é também Palavra de Deus. E, em princípio, seja feito por um ministro distinto do que proclamou a primeira leitura.

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