segunda-feira, 31 de julho de 2017

Verdades que todo Católico deve recordar em todas as manhãs!

 Cristão, lembra-te que tens hoje:
Deus a glorificar,
Jesus a imitar,
A Santíssima Virgem a invocar,
Os Santos a imitar,
Os Santos Anjos e honrar,
Uma alma a salvar,
Um corpo a mortificar,
Virtudes a pedir e praticar,
Pecados a expirar,
Um paraíso a ganhar,
Um inferno a evitar,
Uma eternidade a meditar,
Tempo a aproveitar,
Próximo a edificar,
Um mundo a temer,
Demônios a combater,
Paixões a subjugar,
Talvez a morte a sofrer,
E o juízo a suportar!!!
OH! ETERNIDADE!!!
Fonte: Amor Mariano

domingo, 30 de julho de 2017

Mensagem do dia.

O ensino deste versículo é tremendo, porque entendemos o significado das nossas provações. Provação é diferente de tentação. A provação é aquela situação onde nossa fé é provada, geralmente a provação acontece na forma de adversidades que se levantam contra nós, e a tentação é aquela situação em que somos seduzidos, e induzidos ao pecado. A tentação não leva a nada, mas a provação quando vencida, essa sim, ela produz a perseverança, promove o nosso crescimento humano e espiritual e nos aproxima mais de Deus. Somos como o ouro que precisa passar pelo fogo para ser refinado e para ser purificado. Então se você estiver passando, mesmo que seja por uma prova de fogo, louve ao Senhor, espere mais um pouco, mantenha-se firme e logo Deus trará o livramento para a tua vida.

A amizade segundo Santo Agostinho


O tema da amizade é abordado por Santo Agostinho numa das suas principais obras, as ‘Confissões’. É destacado, em vários momentos, nesses escritos, que os seus relacionamentos mais sinceros e profundos tiveram como ponto de partida a verdadeira amizade com o amigo dos amigos: Deus.
O bispo de Hipona traz uma novidade em seu tempo ao unificar o conceito filosófico de amizade com a sua concepção cristã. Com isso, Santo Agostinho concebe a amizade, com seus princípios arraigados em Deus, que se dá por meio do Espírito Santo e gera frutos de caridade.

Amizade com Deus

Conforme Santo Agostinho, a amizade deve estar intimamente ligada a Deus, porque Ele é o primeiro Amigo. Em ‘Confissões’, ele versa que “bem-aventurado o que te ama, Senhor, e ama ao amigo em Ti, e ao inimigo por amor a Ti; só não perde o amigo quem tem a todos por amigos Naquele que nunca se perde”. Esse amor acontece, verdadeiramente, quando temos por fundamento o vínculo de amizade com Deus, pois, para construir uma amizade verdadeira é preciso ser amigo d’Ele.
Ama-se Deus ao amar um amigo, e só se ama de verdade um amigo quando se ama a Deus. E para amar e ser amigo de Deus “posso sê-lo agora mesmo”, disse Santo Agostinho.
Contrário à verdadeira amizade, a Bíblia, em Tiago 4, 4 exorta que “todo aquele que quer ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus”, onde, da mesma forma, Santo Agostinho acentua que a amizade com este mundo é adultério contra Deus. Claro que, aqui não se trata do mundo como criação do Criador, mas no sentido de tudo que se opõe ao Senhor.

Amizade com os amigos

Santo Agostinho, ao se referir a um poeta, que chamou ao amigo de “metade da sua alma”, exprime sobre a relação profunda de amizade. Chega a dizer que “sentiu” que sua alma e a de seu amigo não eram mais que uma em dois corpos. Uma forma simbólica para falar da união de uma verdadeira amizade, em que não se quer viver pela metade por ausência do amigo.
A amizade é uma relação de alma para alma, visando sempre a caridade em Deus, pois não deve ser um relacionamento de interesses egoístas, mas de gratuidade. Porque é uma preciosidade, já que, um “amigo fiel é poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro.” (Eclesiástico 6,14).

Amizade Agostiniana para hoje

Uma forma de viver os ensinamentos de Santo Agostinho sobre a amizade é ter claro em nossos relacionamentos, que só se consegue ser amigo de verdade, quem é amigo de Deus.
A Sagrada Escritura afirma que “amigo fiel não tem preço, é imponderável o seu valor. Amigo fiel é bálsamo vital e os que temem o Senhor o encontrarão.” (Eclesiástico 6, 15-16) E Santo Agostinho fala que “a amizade é tão verdadeira e tão vital, que nada mais santo e vantajoso pode-se desejar no mundo”.
Concluindo, no livro das ‘Confissões’ ele diz: “Eu amava a meus amigos desinteressadamente, e também sentia que eles me amavam com o mesmo desinteresse”. A amizade passa por um amor maduro e desinteressado entre os amigos, cujo maior interesse é que ambos sejam amigos de Deus.

Por Márcio Leandro Fernandes, via Canção Nova 
Fonte: Aleteia

Reflexão para o XVII Domingo do Tempo Comum- Mateus- 13,44-52


Com a liturgia deste décimo sétimo domingo do tempo comum, concluímos a leitura do terceiro dos cinco discursos de Jesus no Evangelho segundo Mateus, o chamado “Discurso em Parábolas”. Nesse discurso, o Reino dos céus é apresentado a partir de sete parábolas contadas por Jesus às margens do mar da Galileia, para um auditório composto pelos discípulos e a multidão. O texto específico que a liturgia oferece para esse domingo é Mateus 13,44-52, o qual contém as últimas três das sete parábolas, uma vez que as quatro primeiras já foram apresentadas na liturgia dos dois últimos domingos.
Tendo já apresentado as diversas características do Reino dos céus por meio das parábolas anteriores, nas de hoje, o objetivo parece ser motivar a comunidade a fazer opção pelo Reino, preferindo-o a qualquer outra realidade ou bem. Isso se evidencia nas duas primeiras, principalmente, a do tesouro e a da pérola (vv. 44-46), respectivamente. Iniciamos, assim, o nosso olhar para o texto, dispensando a contextualização, uma vez que essa já foi feita nos dois domingos anteriores e vale ainda para o texto de hoje.
O nosso texto inicia-se com a fórmula “O Reino dos céus é como”. Na verdade, seria mais fiel ao texto original o uso da expressão “O Reino dos céus é semelhante”. Como já acenamos anteriormente, as duas primeiras parábolas de hoje são mais uma motivação para a acolhida do Reino do que uma mera descrição comparada desse. O encontro com o Reino e seus valores exige uma decisão e tomada de posição radicais e inadiáveis.
Eis a primeira parábola: “O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo” (v. 44). Um tesouro no contexto da época, era um vaso de argila cheio de moedas valiosas e joias que os proprietários enterravam em suas propriedades quando percebiam perigo de guerras, invasões ou saques. Quando um proprietário de terras tinha que fugir às pressas por causa de uma invasão, enterrava seu tesouro, imaginando um dia voltar. Dificilmente retomava a posse da terra; essa passava para outros proprietários que não sabiam do tesouro escondido. Geralmente, esses tesouros eram encontrados muito tempo depois de enterrados, por pessoas que não sabiam da sua existência; daí a ideia de surpresa subentendida no texto, seguida da mencionada alegria. Por sinal, uma palavra chave no Evangelho de hoje é, exatamente, alegriacomo uma característica essencial de quem encontrou o Reino e a ele aderiu plenamente. 
A respeito do homem que encontra o tesouro, o texto não diz muita coisa. Não sabemos o que fazia antes, se estava no campo por acaso ou trabalhando. Provavelmente, era um camponês sem-terra, pois não era proprietário do campo. O que sabemos é que ele encontrou um motivo para mudar a sua vida. Encontrou algo pelo qual valia a pena abrir mão de tudo o que possuía para ficar somente com o bem precioso que tinha acabado de encontrar. A chamada de atenção de Jesus para os discípulos e a multidão, e de Mateus para a sua comunidade, visa deixar ainda mais claro que o Reino deve ser a primeira opção de quem o encontra.  O Reino desestabiliza a normalidade das coisas, é reviravolta, subversão, é o revés da ordem estabelecida, tanto a política quanto a religiosa.
O homem encontrou o tesouro por acaso, ou seja, sem fazer esforço algum. Essa é uma das possibilidades de encontro com o Reino, pois como já tinha dito o próprio Jesus, “o Reino dos céus está próximo” (cf. Mt 10,17), embora sejam feitas exigências para experimentá-lo: “convertei-vos” (cf. Mt 10,17)A decisão do homem da parábola foi o retorno às bem-aventuranças: “Bem-aventurados os que são pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus” (cf. Mt 5,3). Não basta contemplar nem saber que o Reino dos céus chegou, é necessário fazer esforço para nele entrar; esse esforço consiste em deixar de lado tudo o que não é compatível com ele, como fez o homem da parábola.
A segunda parábola tem muita semelhança com a primeira. Também nela se evidencia a necessidade de uma tomada de decisão radical, e apresenta o Reino como algo precioso, pelo qual vale a pena fazer renúncias: “O Reino dos céus é como um comprador de pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (vv. 45-46). Também nessa, as informações sobre o homem envolvido são poucas. Tudo indica que se trata de um homem experiente e inquieto, capaz de distinguir o valioso do vulgar. Assim como o da parábola anterior, também esse homem encontra algo que lhe faz tomar uma decisão radical. É claro que Jesus não faz uma apologia ao comércio, nem compara o Reino a um negócio. O importante aqui é a decisão tomada ao encontrar algo que pode mudar o sentido da vida.
As duas parábolas mostram com muita clareza que o Reino não é conquistado por imposição, mas por decisões livres e conscientes. É importante o discernimento para perceber no que consiste realmente a vida em plenitude que só pode ser alcançada na comunidade do Reino. Não se trata de uma vida no além, mas da vida presente, carente de sentido porque os sistemas vigentes, religioso e político-econômico, lhe negaram. Esse Reino pode ser encontrado por busca e esforço, mas também por acaso, no cotidiano. O importante não é a forma como foi encontrado, mas a decisão tomada para inserir-se nele ou possui-lo, conforme a linguagem das parábolas. O que conta é viver uma vida pautada pelos valores do Reino: justiça, amor, solidariedade, acolhimento, sinceridade, alegria e coragem para lutar contra tudo o que impede o seu crescimento.
A terceira parábola é aquela da rede jogada ao mar: “O Reino dos céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam os que não prestam” (vv. 47-48). Muitos estudiosos insistem em relacioná-la com aquela do joio e do trigo, refletida no domingo passado (cf. Mt 13,24-30). É certo que existem semelhanças entre as duas, mas as diferenças são bem maiores. Naquela do joio e do trigo, quem semeou a semente nociva foi um inimigo, enquanto o dono do campo e da semente boa dormia. Nessa da rede os peixes bons e ruins têm uma mesma origem, não são frutos da ação de dois personagens diferentes. Essa diferença é muito importante, como veremos a seguir.
Desde a comunidade apostólica, havia na Igreja a tendência equivocada de querer ser uma comunidade de santos, justos ou eleitos, ou seja, uma comunidade separada e isolada. Essa tendência era e é um entrave para a concretização do Reino. Com essa parábola da rede, bem mais que com a do joio e o trigo, Jesus apresenta o universalismo do Reino, marcado pela diversidade e inclusão, e sua exposição aos perigos. Como as parábolas respondem a uma situação de crise da comunidade, é interessante retornar às origens, ao primeiro chamado: “Vinde, segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens” (v. 4,19). Essa parábola é, portanto, um convite para os discípulos retornarem às origens do chamado. Ora, Jesus não os chamou para irem à procura de pessoas boas e santas, mas simplesmente para “pescar seres humanos”, ou seja, ir ao encontra da humanidade inteira, sem distinção nem classificação.
Com a parábola do joio e o trigo, pedia-se tolerância e paciência. Com essa da rede, Ele vai além: pede inclusão, aceitação e abertura constante, pois a rede envolve, junta, mistura tudo. A semente era jogada em um terreno conhecido, previamente preparado. O mar, ao contrário, é sempre imprevisível, ninguém pode prepará-lo antes. É um desafio para a comunidade e uma advertência a qualquer tendência separatista e segregadora. Não existe comunidade de pessoas perfeitas. Uma vez recolhida a rede, exige-se a prudência e o discernimento para a comunidade tirar de si os sinais de morte. O que deve ser jogado fora não são necessariamente os peixes, ou seja, não são as pessoas. A comunidade deve acolher a todos; à medida que a convivência vai fluindo, tudo o que não tem vida deve ser trabalhado e descartado, mas não as pessoas em si. Na comunidade cristã não pode ter juízes, mas apenas pessoas que, entre si, se ajudando mutuamente, contribuem para que os sinais de vida se sobreponham aos sinais de morte. Isso se dá à medida em que vão sendo tomadas decisões livres e conscientes pelo Reino e seus valores.
No final, Jesus faz uma pergunta simples, mas profunda, aos discípulos:“Compreendestes tudo isso?” (v. 51). Jesus apresentou o Reino dos céus em sete parábolas; como o número sete tem a ver com perfeição e totalidade, é como se Jesus dissesse que já não tinha mais o que dizer sobre o Reino, tinha dito tudo. O que importa de agora em diante é viver e reconhecer os sinais desse Reino. A resposta dos discípulos é positiva, mas a história e o próprio Evangelho de Mateus m0stram que na verdade ainda não tinham compreendido, tudo, uma vez que compreender no sentido bíblico vai além de uma apreensão de conteúdo ou informações, mas implica numa adesão à uma proposta, nesse caso, o Reino dos céus. A própria trajetória da comunidade dos discípulos, desde os doze primeiros, é uma demonstração da rede jogada ao mar e recolhida com sinais de vida e morte, bem e mal, amor e ódio.
A comunidade precisa admitir a coexistência dessas oposições e diversidades, lutando, obviamente, para a vida vencer e, assim, a alegria do Evangelho ser plenamente vivida. Para isso, é necessário discernimento e prudência para que, entre coisas novas e velhas (cf. v. 52), o Reino e seus valores sejam reconhecidos, valorizados e acatados, a partir de decisões corajosas e ousadas!


Mossoró-RN, 28/07/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues
   
Fonte: Diocese de Santa Luzia



sábado, 29 de julho de 2017

O CONCEITO DE FÉ NA BÍBLIA


Partindo da ideia que fé é acreditar naquilo que não se vê a priori. Na carta ao Hb 11.1 encontra-se que: Fé é a consistência do que se espera, a prova do que não se vê. Isso leva a pensar que a fé sempre está ligada ao conceito de confiança, confiar acima de tudo. Portanto, fé é uma palavra que significa confiança, crença, credibilidade. A fé é um sentimento de total crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa.

A fé é a primeira das virtudes teologais, que segundo o Compendio do Catecismo da Igreja Católica, têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas no homem com a graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano (CCIC n. 384).

NO ANTIGO TESTAMENTO
No Antigo Testamento não é possível encontrar a palavra fé sozinha. Por isso, é necessário encontrar o conceito de fé atrás de alguns fatos bíblico históricos. Como é bem sabido, é a partir do grande patriarca Abraão que o conceito começa a tomar forma, tanto assim, que hoje é conhecido como o Pai da fé Gn 15.6. Abraão é seminômade, que percorre em suas andanças, diversos territórios, os quais serão dos seus descendentes. Abraão conhece de perto muitas culturas, que acreditavam que os fenômenos naturais são manifestações divinas dos deuses para mostrar seu poder para os humanos. Mas é com Abraão que no vazio da esterilidade de Sara, sua esposa, ressoa a palavra do Senhor: no princípio, criadora do universo, agora criadora de história Gn 12.1-9.

A palavra fé que aparece no Antigo Testamento é a tradução de duas palavras em hebraico: A palavra aman que dava ênfase à certeza, à firmeza, e que deu origem a palavra amem Dt 27.15-26, e a palavra batah que significava confiança. Como verbo é muitas vezes traduzida por crer, confiar, esperar: Sl 4.5 confiai no Senhor, Sl 25.2 em ti confio, Sl 55.23 mas eu em ti confiarei. De esta forma surge no Antigo Testamento a fé como uma resposta do povo de Israel ao Deus que o escolheu para seu povo.

Um dos casos que é considerado dos melhores exemplos de fé do Antigo Testamento está em Esd 8.21,22ss quando Esdras recusa a ajuda militar da Babilónia. No entanto, Esdras não era nenhum ingénuo. Ele pensou em tudo da melhor forma possível, estava consciente dos perigos que corria, fez tudo o que estava ao seu alcance e só depois de esgotados todos os seus recursos é que pediu ao Senhor que o ajudasse naquilo que estava para além das suas possibilidades.

É importante observar que inicialmente, no tempo de Abraão (1900 AC), e principalmente no tempo de Moisés (1200 AC), a fé se manifestava no cumprimento dos rituais da Velha Lei. Pois a um povo de escravos, não se lhe podia exigir mais que o cumprimento do ritual, mas já no tempo de Isaías (500 AC) o conceito de fé era mais desenvolvido, ao ponto de ser mais importante que o ritual em si, Is 1.11-17, pois o Senhor rejeita os sacrifícios que eram efetuados segundo todas as normas e rituais do Antigo Testamento, mostrando assim, que não basta o ritual, sem o seu significado espiritual. Porque a revelação do Senhor através das Escrituras e dos Profetas, tem sido sempre a revelação possível de ser entendida pelo homem através do amadurecimento da sua fé.

Para o povo hebreu, confiar em Deus é a atitude mais acertada que eles tiveram perante os outros povos; porque essa confiança em Deus dá segurança, alegria e força para enfrentar qualquer desafio que esteja na sua frente. Isto passou de geração em geração: em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste Sl 22.4. Portanto, isso dá para o povo hebreu uma a confiança alegre, inabalável de uma fé inteligente; a segurança da confiança sem temor no Senhor. Essa confiança inabalável está fundamentada no trinômio: o povo, o Senhor e a promessa da terra prometida. Terra que o povo consegue, mas perde pela sua falta de confiança (fé) em Deus. Mesmo assim, o povo se levanta das cinzas, quantas vezes for necessário, e recupera sua confiança e vá à luta pela posse da terra, pois a aliança e a promessa continuam valendo, enquanto confiar no Senhor.

Essa fé, mais tarde, é expressada nas 613 normas, colocadas por escrito, como uma forma de garantir que a promessa sempre vai ser cumprida, mas para isso o povo deve se manter fiel. Os sacerdotes têm uma grande importância na vida do povo, pois são eles os encarregados de mostrar o caminho da fé e alimentar a esperança com rituais e sacrifícios, mas os profetas têm a difícil missão de denunciar seus desvios.

NO NOVO TESTAMENTO
Partindo da etimologia, a palavra fé tem origem no Grego pistia que indica a noção de acreditar e no Latim fides, que remete para uma atitude de fidelidade. Neste sentido, uma das características que se notam na fé, no Novo Testamento, é que enquanto no Antigo, Deus era o objeto da fé, no Novo a fé em Cristo é identificada com a fé em Deus.

Assim, a fé não está, em primeiro lugar, relacionada com verdades específicas ou com promessas para o futuro, nem mesmo com revelações sobre a existência de um Deus transcendente. A fé no Novo Testamento, começa com ir ao encontro da pessoa de Jesus, e esta caminhada é frequentemente motivada por uma sede. Algo já começou secretamente no coração, que já se sente atraído. Isto é, com a encarnação e com a presença de Jesus como ser humano, a fé assume num primeiro momento uma forma muito simples: um desejo pode conter em si o princípio da fé; um movimento já representa o início da caminhada.

As primeiras referências à fé no Novo Testamento encontram-se na proclamação por Jesus do Reino de Deus Mc 1.15, arrependei-vos e crede no Evangelho. Portanto, a fé é a aceitação do Reino de Deus. Assim no Novo Testamento e nos ensinamentos de Jesus, a fé se torna condição principal para a sua atuação. Jesus em Mc 9.21-24 na cura do filho epilético, o pai apela à compaixão: se podes tem piedade. Jesus responde apelando à fé como condição para curar-se. O pai pede mais fé, pois é consciente do seu desamparo e do dinamismo da fé, e procura apoio em Jesus.

Também é possível ver o contrário em Mc 6.5-6. Pois a incredulidade ou a falta de fé impediu e até prejudicou a ação de Jesus na sua própria terra, pois a fé é condição para compreender os ensinamentos de Jesus, portanto a fé é o meio receptor do poder divino. Para Lc 8.12 a fé é condição necessária para a salvação assim como para Mc 16.16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

Jesus aponta que a fé é algo de muito poder na vida de uma pessoa, pois mostra que a presença da fé, mesmo que de forma pequena, faz muita diferença. Se tivesses fé como um grão de mostarda, direis a essa amoreira: Arranca-te pela raiz e planta-te no mar, ela vos obedeceria Lc 17. 6.

Depois da vida pública de Jesus, quando já não se encontra fisicamente entre os seus discípulos, o movimento em direção a ele já não se expressa pela mudança de lugar, ir ao seu encontro e, depois, segui-lo, como acontecia antes da ressurreição, segundo os Evangelhos. Quem crê em Jesus, dá um passo concreto, mas este passo implica abandonar-se a ele, entregar-se a si próprio e ceder-lhe o espaço. O paradoxo da fé torna-se mais evidente: é praticamente nada e, no entanto, é o mais importante. Trata-se de abrir constantemente a porta do coração a Jesus, sabendo, ao mesmo tempo, que ele já está lá.

No pensamento deixado por Paulo, a fé tem um lugar central, principalmente nas cartas aos Romanos e aos Gálatas. Para Paulo, a fé está intimamente relacionada com a fidelidade 2Ts 1.4 e 2Tm 4.7 e a convicção Rm 14.23. Uma das passagens mais importantes que Paulo deixou encontra-se em Rm 10.1-17 onde mostra que a fé pressupõe a revelação que a antecede num contexto de arrependimento. Deixa claro, Paulo, que o único caminho para Deus é através da fé no Cristo crucificado. E em Rm 10.17, a fé não vem pelo nascimento ou pelo batismo ou outro qualquer ritual, mas vem pelo ouvir (aceitar) a palavra de Deus, quando se trata da genuína mensagem de Jesus.
Outro aspecto muito importante da fé segundo Paulo é como meio de justificação, isto é, a justificação pela fé, em oposição à justificação pelas obras de Lei Rm 3.21-28. E segundo Tiago, fica evidente que a fé deve produzir no ser humano o desejo de realizar boas obras. A fé é para o homem e também para ser espalhada ao seu redor. Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta, Tg 2.26.

CONCLUSÃO
Na idade escolástica da Igreja Católica (anos 900 a 1.600), se falava de Fé (fides) em dois sentidos. O primeiro é a Fé como ação de crer, de acreditar (fides qua creditur), para isso é importante a confiança, o entregar-se a aquele que é o objeto, o fim do crer (fidúcia). O segundo é o que se crê, no que se acredita (fides quae creditur) a Fé envolve a aceitação do que se crê. Logicamente estes dois sentidos dever ir juntos, pois a confiança precisa de um objeto e o que se crê determina o carácter da confiança que se tem.

Portanto, para falar de fé, é necessário pensar na dimensão humana, que é quando o ser humano acredita em pessoas e em coisas que podem acontecer, tanto boas quanto ruins. Essas coisas são fruto das ações humanas. Como por exemplo acreditar em passar num teste para um trabalho, para uma faculdade, etc. É a certeza do dever cumprido pela sua ação. A fé se manifesta de várias maneiras e pode estar vinculada a questões emocionais, tais como reconforto em momentos de aflição desprovidos de sinais de futura melhora, relacionando-se nesse sentido com a esperança; e a motivos considerados moralmente nobres ou estritamente pessoais e egoístas. Pode estar direcionada a alguma razão específica ou mesmo existir sem razão definida. Mas este tipo de fé depende estritamente do agir meramente humano.

Por outro lado, existe a fé que transcende o ser humano, a fé que leva o homem a sair de si e procurar um sustento em um Ser Superior. Esta fé no começo está guardada, mas em algum momento ela pode ser despertada, e esse despertar leva o ser humano para outras realidades e experiências, como aconteceu com Abraão. O Senhor disse a Abrão: Sai de tua terra natal, da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei Gn 12:1. Abraão pela fé decidiu mudar de vida, sair da sua terra dos seus pais e ir para uma outra, a qual ele não conhecia.

Está é a fé que faz a pessoa mudar a sua vida, mudar as suas ideias e seus conceitos. Incluso, Paulo chega a considerar a tudo como lixo: Mais ainda: considero tudo perda em comparação com o superior conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por ele dou tudo como perdido e o considero lixo, contanto que eu ganhe a Cristo Fl 3.8. Este tipo de fé é o que manterá Paulo, por toda a sua vida no caminho da fé e o manterá firme neste caminho, na final o único lucro é Cristo.

A fé é geralmente associada a experiências pessoais podendo ser compartilhada com outros através de relatos no contexto religioso, a exemplo de Paulo que usou esse fato para, através das suas cartas, despertar a fé nas comunidades. Desta forma sua fé em Cristo era usada frequentemente como justificativa para a própria crença, o que caracteriza raciocínio circular.

Segundo o pensamento cristão, todo o conjunto dos ensinos transmitidos por Jesus Cristo e seus discípulos constitui a fé Gl 1.7-9. A fé cristã baseia-se em toda a Bíblia por acreditar ser a Palavra de Deus, incluindo as Escrituras Hebraicas, as quais Jesus e os escritores das Escrituras Gregas Cristãs frequentemente citaram em apoio das suas declarações. Segundo estas Escrituras, para ser aceitável a Deus, é necessário exercer fé em Jesus Cristo, e isto torna possível obter uma condição justa perante Deus.

De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, por tanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna merecedor dos que o buscam. Pois, a fé em Deus faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível. Somente com a fé em Deus os sonhos se atingem, as batalhas se vencem e os milagres acontecem.

Bibliografia Consultada
1 – A Bíblia do Peregrino.
2 – Chave Bíblica.
3 – Harris, R. Laird, Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento.
4 – Smith, Ralph L., Teologia do Antigo Testamento.
5 – Gonzáles, Justo L. Diccinario Manual Teológico.

Fonte: Portal Católico