quarta-feira, 6 de junho de 2018

“Sem Deus somos demasiado pobres para ajudar os pobres”


O relato de um padre que se encontrou com a Madre Teresa de Calcutá

Lembro-me das palavras fortes e avassaladoras que a Madre Teresa dirigiu a um jovem sacerdote, Angelo Comastri, que é hoje Cardeal arcipreste da Basílica de São Pedro, em Roma. No seu livro ‘Dio scrive dritto’, diz coisas magníficas. Eis o relato desse encontro impressionante com a santa, que transcrevo com grande emoção:
Telefonei para a casa-mãe das Irmãs Missionárias da Caridade, para marcar um encontro com a Madre Teresa de Calcutá, mas a resposta foi categórica:
– Não é possível encontrar-se com a Madre, por causa dos compromissos que ela já tem.
Ainda assim, fui até lá. A irmã que me abriu a porta perguntou-me educadamente:
– O que deseja?
– Gostaria apenas de me encontrar durante uns instantes com a Madre Teresa.
Surpreendida, a irmã respondeu:
– Lamento, não é possível…
Não arredei pé, dando a entender à irmã que não me iria embora sem ver a Madre Teresa. A irmã afastou-se e voltou na companhia da Madre… Tive um sobressalto e fiquei sem palavras.
A Madre levou-me a sentar numa pequena sala perto da capela. Entretanto, recompus-me um pouco e consegui dizer:
– Madre, sou um padre muito novo; estou a dar os primeiros passos. Vim pedir-lhe que me acompanhe com a sua oração.
A Madre olhou para mim com doçura e ternura e depois, sorrindo, respondeu:
– Rezo sempre pelos sacerdotes. Rezarei também por ti.
Depois deu-me uma medalha de “Maria Imaculada”; colocou-a na minha mão e disse:
– Durante quanto tempo rezas, por dia?
Fiquei espantado, um pouco embaraçado. Depois, procurando lembrar-me, respondi:
– Madre, celebro todos os dias a Santa Missa, e rezo todos os dias o breviário; sabe, na nossa época, é uma prova heroica [corria o ano de 1969]! Também rezo todos os dias o terço e faço-o de boa vontade, porque aprendi a fazê-lo com a minha mãe.
A Madre Teresa apertou com as suas mãos rugosas o terço que trazia sempre consigo. Depois, fixando em mim os seus olhos cheios de luz e de amor, disse-me:
– Isso não chega, meu filho! Não chega, porque o amor não pode limitar-se ao mínimo indispensável; o amor exige o máximo!
Não compreendi logo aquelas palavras da Madre Teresa e, como que para me justificar, repliquei:
– Madre, estava à espera que me perguntasse que atos de caridade faço.
De repente, o rosto da Madre tornou-se muito sério e ela disse com voz firme:
– Achas que eu conseguiria praticar a caridade se não pedisse todos os dias a Jesus que enchesse o meu coração com o seu amor? Achas que poderia percorrer as ruas à procura dos pobres se Jesus não comunicasse à minha alma o fogo da sua caridade?
Senti-me então muito pequenino… E olhei para a Madre Teresa com admiração profunda e o desejo sincero de entrar no mistério da sua alma tão cheia de presença de Deus. Destacando cada palavra, ela acrescentou:
– Lê atentamente o Evangelho, e verás que Jesus, pela oração, também sacrificava a caridade. E sabes por quê? Para nos ensinar que, sem Deus, somos demasiado pobres para ajudar os pobres!
Nessa altura, víamos tantos sacerdotes e religiosos a abandonarem a oração para mergulharem – como eles diziam – no domínio social. As palavras da Madre Teresa pareceram-me um raio de sol e repeti lentamente cá dentro: Sem Deus somos demasiado pobres para ajudar os pobres!
Fonte: Aleteia

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