quinta-feira, 12 de abril de 2018

A LITURGIA NO TEMPO PASCAL

Considerações e sugestões gerais

A liturgia do Tempo Pascal é uma riqueza que merece ser conhecida e aprofundada para melhor expressar conscientemente o amor a Deus que já temos naturalmente no coração.
O Tempo Pascal, na liturgia, é fortemente marcado pela espiritualidade joanina, por ser o evangelho de João considerado como “evangelho pascal”. Assim, aos domingos, com exceção do da Ascensão, o evangelho é de João, como será de João o evangelho dos dias de semana, exceto alguns dias da oitava da Páscoa, notando-se também que o evangelho de João já vinha sendo lido desde a quarta semana da Quaresma, nos dias de semana.
Além disso, para todos os domingos do Tempo Pascal, a segunda leitura será:
– para o ano A, a predominância de 1Pd;
– para o ano B, a predominância de 1Jo;
– e para o ano C, a predominância do Apocalipse.

Já a primeira leitura do Tempo Pascal é sempre dos Atos dos Apóstolos, confirmando o antigo uso então afirmado por São João Crisóstomo e por Santo Agostinho, e isto se observa tanto para aos domingos como para os dias de semana.
Podemos dizer que na primeira leitura do Tempo Pascal, a Igreja conta e ouve a história de si mesma nos seus primórdios, como elemento edificante para a sua própria edificação.

Solenidades do Tempo Pascal
Além do Tríduo Pascal, que é a celebração principal da Páscoa, duas outras solenidades marcam também o Tempo Pascal.
São elas:
Solenidade da Ascensão do Senhor: No Brasil, é o domingo em que se celebra a subida do Senhor ao céu, 40 dias após a ressurreição, segundo a indicação de Lucas (cf. At 1,3). A data certa da solenidade seria na quinta-feira precedente, mas, como no Brasil não é feriado, transferiu-se então tal comemoração para o domingo seguinte, ocupando, pois, tal solenidade o lugar do 7º Domingo da Páscoa. Deste, porém, podem ser tomadas as leituras no sexto domingo, quando, pastoralmente, for conveniente.
Solenidade de Pentecostes: Pentecostes é o coroamento de todo o ciclo da Páscoa. É a solenidade que celebramos após cinqüenta dias da ressurreição. Marca o início solene da vida da Igreja (cf. At 2,1-41), não o seu nascimento, pois este se dá, misteriosamente, na Sexta-Feira Santa, do lado do Cristo Crucificado, como sua esposa imaculada.
Coroando a obra da redenção, Pentecostes nos revela o cumprimento da promessa de Cristo, feita aos apóstolos, segundo a qual ele enviaria o Espírito Santo Consolador, para confirmá-los e fortalecê-los na missão apostólica.
A vinda do Espírito Santo, no episódio bíblico de At 2,1-12, deve ser entendida como manifestação da Igreja a toda a humanidade, em dimensão, pois, universal, no desejo do Pai e do Filho. Com Pentecostes encerra-se, pois, o ciclo da Páscoa.

A festa da páscoa nos remete a duas festas primitivas:
1)A festa de pessah (páscoa) – pré-israelita, nesta as famílias hebraicas celebravam a chegada da primavera, oferecendo um sacrifício (pessach – o cordeiro pascal).
2)A festa dos ázimos – talvez de Canaã e que se tornou israelita. Também realizada na primavera quando os lavradores da palestina comemoravam o início da colheita de trigo desfazendo-se de toda a massa fermentada.
Com o tempo, estas duas festas associaram-se a outro evento que ocorreu na primavera:
1)O Êxodo do Egito - (pessach) - foi identificado com o fato de Deus ter ‘passado por cima’ das casas dos israelitas, poupando da décima praga, a morte dos primogênitos egípcios.
2)O pão ázimo - foi relacionado com o fato de que os judeus, em sua fuga apressada do Egito, não tiveram tempo de esperar a massa crescer e assaram pães ázimos com a massa fermentada.
Na época de Jesus, todo judeu peregrinava para Jerusalém para celebrar a páscoa.
A ceia era realizada em família e o sacrifício do Cordeiro no templo. Foi numa ocasião desta que Jesus anuncia e celebra a sua páscoa – sua passagem da morte para a vida – ele mesmo se torna o Cordeiro Pascal.
A festa da páscoa é memorial do dia em que o Pai tirou Jesus do túmulo, da morte, e o exaltou Senhor dos vivos e dos mortos. A liturgia celebra esta ação do Senhor em cada dia do ano e em cada celebração, mas nós celebramos com mais intensidade no tempo pascal. As cores alegres e festivas, com a predominância do branco, indicam o caráter festivo deste tempo.
Os cinquenta dias do tempo pascal são como “um só dia”, “um grande domingo” (Santo Atanásio), onde prolongamos o aleluia dando graças ao Senhor (aleluia é palavra hebraica que significa dar graças) porque ressuscitou Jesus, e porque nos insere neste mistério de vida.
No domingo de ramos e da paixão do Senhor, todos são convidados a iniciar a celebração da Páscoa de nosso Senhor e seguir os passos de Jesus para que associados pela graça à sua cruz participem também de sua ressurreição e de sua vida
Neste tempo em que celebramos a vitória de Cristo, o verdadeiro Cordeiro pascal, que morrendo destruiu a morte, e, ressurgindo, deu-nos a vida em plenitude, somos convidados a celebrar com alegria e exultação.
Para celebrarmos profundamente a páscoa é importante não esquecermos alguns símbolos, atitudes e ações rituais que marcam este tempo, como prolongamento da Páscoa:
• O círio pascal, durante os cinquenta dias da páscoa, está no centro das nossas celebrações como sinal do Cristo vivo, ressuscitado, luz de nossas vidas. É importante que ele seja bem bonito e enfeitado. Ele pode ser aceso e incensado no início da celebração, enquanto a assembleia canta um refrão que evoque o sentido do gesto. A comunidade pode ser convidada a se aproximar do círio, ou a estender a mão em direção a ele, durante a profissão de fé, nas preces e na bênção final.
• Uma das expressões mais fortes é o “aleluia”, palavra hebraica que significa simplesmente “louvor a Deus”. É o canto novo da vitória do Cristo e das comunidades dos filhos e filhas de Deus.
• As flores ligam a páscoa com a natureza, sempre superando a hostilidade do tempo e irrompendo com força de vida e encanto.
• O rito da aspersão da água, no tempo pascal, mais do que um sentido penitencial, faz memória do batismo e pode substituir o ato penitencial ou ser feito no momento da profissão de fé, como aconteceu na celebração da Vigília pascal.
• A última semana da páscoa é consagrada pelas Igrejas como tempo de oração pela unidade dos cristãos. Antecedendo pentecostes é importante programar os momentos dessa oração.
• “Particular importância é dada ao canto do povo, dos ministros e de quem preside a celebração do tríduo pascal, atribuindo às conferências episcopais o dever de propor melodias para os textos e as aclamações. O documento fala de “um repertório próprio para estas celebrações” e a elas reservado (reserva simbólica), tendo em conta a devida participação do povo. Chega mesmo a apontar o que deve ser cantado, por exemplo: o relato da paixão e a oração universal, a proclamação da páscoa, a ladainha dos santos e a bênção da água batismal...)

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