Discussões sobre o ensino de ideologia de gênero estão mobilizando a sociedade e a política na Costa Rica. O anúncio pelo Ministério da Educação Pública (MEP) de disciplinas sobre Afetividade e Sexualidade Integral para jovens no décimo ano – equivalente ao início do Ensino Médio – gerou críticas da Igreja Católica e oposição pública de candidatos à presidência.
“Sentimos o dever de orientar o discernimento dos católicos sobre a chamada ‘Ideologia de Gênero’ promovida por diferentes órgãos governamentais, incluindo o Ministério da Educação Pública através do seu ‘Programa de Estudos de Educação para a afetividade e a sexualidade integral’ com o objetivo de doutrinar nossos filhos e jovens nesta linha de pensamento”, afirmou a instituição religiosa em comunicado.
Polêmica recorrente
A ideologia de gênero não é a primeira polêmica nas escolas da Costa Rica. Em 2013, o Ministério de Educação Pública (MEP) implementou um programa de educação sexual em escolas primárias e secundárias. De acordo com o então ministro da educação, Leonardo Garnier, o programa ministraria aulas de educação sexual e mencionariam o “prazer sexual”.
Na ocasião, a Igreja Católica emitiu um pronunciamento em que anunciou oposição à medida do governo federal e classificou o programa como “gravemente danoso para os adolescentes” devido à “insistência na ideologia do gênero e na diversidade sexual como a construção cultural” que se trata “mais de propaganda que de educação”.
“A educação de valores altos como a afetividade e a sexualidade não podem ser considerados neutros, e devem ser desvinculados das disciplinas tradicionais, como a matemática ou a geografia”, indica o pronunciamento.
No começo deste mês, a Igreja Católica organizou uma marcha contra a o programa e contra a ideologia de gênero nas escolas. Segundo a instituição, a “II Marcha para a Vida e a Família” reuniu cerca de 600 mil pessoas no centro de San José.
Controvérsia
O programa de Educação para Afetividade e Sexualidade Integral terá disciplinas ministradas para as turmas do décimo ano em 2018. O chamado “guia sexual” consistem em uma cartilha composta por sete eixos temáticos: relações interpessoais; cultura, poder e responsabilidade; prazer como fonte de bem-estar; gênero; identidade psicossexual; saúde reprodutiva; e direitos humanos.
Um dos pontos controversos é o eixo de cultura, poder e responsabilidade, que cita a “importância que é dada às diferentes atividades em relação ao gênero”, em referência à ideologia de gênero.
Na seção sobre gênero, estão presentes conceitos como “atribuição de gênero”, “identidade de gênero” e “papel de gênero”. No eixo temático de identidade psicossexual, “a abordagem é feita sobre orientação sexual, construção de vínculos heterossexuais, homossexuais e bissexuais”. Já a seção sobre prazer “é sobre identificar e conhecer a diferentes partes do corpo e suas zonas erógenas”.
Fonte: Blog do Carmadélio
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