Conheça a devoção dos cinco primeiros sábados em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
A revelação da devoção dos cinco primeiros sábados começou na segunda aparição de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, aos três Pastorinhos. No dia 13 de junho de 1917, a Virgem Maria disse à pequena Lúcia: “Jesus quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado Coração”1. Depois de ouvir estas palavras, as três crianças viram a Virgem Santíssima com um coração na mão, cercado de espinhos. Eles compreenderam que aquele era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que necessitava de reparação. Na aparição seguinte, no dia 13 de julho, a Mãe de Deus repetiu as mesmas palavras e disse que voltaria para pedir a devoção reparadora dos primeiros sábados.
Sete anos depois, no dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, foi revelado a Irmã Lúcia a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. Em dezembro de 1927, por ordem de seu confessor, a Irmã escreveu as palavras que lhe dirigiu a Santíssima Virgem, nas quais disse: “Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”
A devoção dos primeiros sábados na história da Igreja
A prática da devoção reparadora dos primeiros sábados do mês, que Nossa Senhora pediu à irmã Lúcia em 1925, não era nenhuma novidade na Igreja. Este pedido da Virgem Maria foi uma confirmação dos Céus de uma antiga piedade mariana. O Sábado como dia consagrado especialmente à Santíssima Virgem é uma tradição que remonta muito provavelmente os primeiros séculos da Igreja. “A presença da Missa de Nossa Senhora nos Sábados, no missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a antiguidade desta prática que consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de Deus nesse dia da semana”3.
Apoiados nesta piedosa tradição, os membros das Confrarias do Rosário consagravam especialmente a Nossa Senhora quinze sábados consecutivos de cada ano litúrgico. Durante esses sábados, “eles se aproximavam dos sacramentos e cumpriam exercícios de piedade particulares em honra dos quinze mistérios do santo rosário. Em 1889, o papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência plenária a ser ganha durante um desses quinze sábados”4. Entretanto, foi com o grande Papa São Pio X que a devoção dos primeiros sábados foi aprovada e encorajada pelo Vaticano, que em 10 de julho de 1905 indulgenciou pela primeira vez esta devoção. Alguns anos mais tarde, em 13 de junho de 1912, São Pio X concedeu “indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos, no primeiro sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação”5.
Providencialmente, cinco anos depois, na mesma data, aconteceu a “segunda aparição de Nossa Senhora em Fátima, durante a qual os três pastorinhos testemunharam a primeira grande manifestação do Imaculado Coração de Maria vendo-o ‘cercado de espinhos que pareciam enterrados nele. [… Depois de ter essa visão, os Pastorinhos disseram:] Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação’”6. Os termos usados por São Pio X são quase exatamente os mesmos do pedido de Nossa Senhora em Pontevedra, em 1925, principalmente no que diz respeito “a extrema importância da intenção reparadora, única capaz de afastar e apaziguar a cólera de Deus”7. Em Fátima e em Pontevedra, Nossa Senhora não é inovadora, mas nos deu a confirmação do Céu e um novo impulso à devoção dos primeiros sábados, que está firmemente enraizada na mais pura tradição católica.
As cinco ofensas a reparar nos cinco primeiros sábados
Em 1930, o Padre José Bernardo Gonçalves, então confessor da Irmã Lúcia, entre outras coisas perguntou a ela: “Porque hão de ser ‘5 sábados’ e não 9 ou 7 em honra das dores de Nossa Senhora?”8 Durante uma de suas costumeiras orações, na noite do dia 29 para 30 de Maio de 1930, Nosso Senhor revelou a Irmã Lúcia o seguinte:
Minha filha, o motivo é simples: são 5 as espécies de ofensas e blasfêmias contra o Imaculado Coração de Maria:1 – As blasfêmias contra a Imaculada Conceição.2 – Contra a Sua virgindade.3 – Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;4 – Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;5 – Os que A ultrajam diretamente nas suas sagradas Imagens.Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender9.
A primeira ofensa é a negação do dogma da Imaculada Conceição, definido pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854.
A segunda ofensa é negação da doutrina acerca da virgindade perpétua de Maria. São opositores desta verdade as pessoas que negam que a concepção e o parto de Jesus não foram virginais, e que Maria não conservou a virgindade depois do parto, bem como aquelas que dizem que a Mãe de Deus teve mais filhos além de Jesus.
A terceira ofensa é negação da maternidade divina e espiritual de Maria, declarada no III Concílio de Constantinopla no ano de 680. A Virgem Maria é Mãe de Deus e, ao mesmo tempo, Mãe espiritual dos homens, pela sua participação no Mistério da Redenção do gênero humano.
A quarta ofensa é ódio para com a Imaculada Mãe de Deus infundido nas crianças. “A ideologia Marxista-comunista procurou eliminar todos os vestígios de religião, a começar pelas crianças. […] Ensinava-se às crianças o racionalismo puro e, além disso, em certa nação, os pequeninos aprendiam ‘ladainhas’ de injúrias contra a Mãe de Deus”10.
A quinta ofensa é o desrespeito para com as sagradas imagens de Maria. Não é raro, em nossos dias, o ultraje, o vandalismo e a destruição das imagens de Nossa Senhora, principalmente quando estas são expostas em público. Ofendem também o Coração Imaculado de Maria Santíssima aquelas pessoas que tiram dos templos sagrados as suas imagens ou as reduzem ao mínimo, contrariando o que foi dito no Concílio Vaticano II: “Observem religiosamente aquelas coisas que nos tempos passados foram decretadas acerca do culto das imagens de Cristo, da Bem-aventura Virgem e dos Santos”11.
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo com o tema “Em que consiste a devoção dos cinco primeiros sábados do mês em honra à Virgem de Fátima?”:
Como praticar a devoção dos cinco primeiros sábados?
Para realizar perfeitamente esta devoção reparadora devemos fazer, durante os cinco primeiros sábados de cinco meses seguidos, na intenção geral de reparar nossos próprios pecados e os de toda a humanidade contra o Coração Imaculado de Maria, quatro atos de piedade:
1 – A Confissão: pode ser feita no primeiro sábado ou antes, ainda que oito dias ou mais antes, se for impossível ou muito difícil se confessar no dia. No entanto, lembramos que é necessário estar em estado de graça no primeiro sábado do mês, a fim de fazer comunhão reparadora. Na Confissão, é muito importante a intenção de reparar o Coração Imaculado de Maria. Esta intenção reparadora não precisa ser dita ao confessor, mas apenas colocada mentalmente diante de Deus antes da Confissão. Nosso Senhor disse a Irmã Lúcia que se esquecermos da intenção reparadora, podemos colocar esta na Confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tivermos para nos confessar.
2 – O Terço: a tradicional oração mariana do Terço também faz parte da devoção dos cinco primeiros sábados, que deve ser rezado na intenção da reparação do Imaculado Coração de Maria.
3 – Os 15 minutos de meditação sobre os mistérios do Rosário: Nossa Senhora pediu que fizéssemos companhia a ela durante pelo menos 15 minutos, meditando sobre os 15 mistérios do Rosário12, em espírito de reparação ao seu Imaculado Coração. Não precisamos meditar todo primeiro sábado sobre todos os 15 mistérios. Podemos meditar apenas um, dois, três ou mais mistérios, conforme a nossa escolha pessoal. Também é possível meditar os mistérios do Rosário conforme o Tempo Litúrgico. Por exemplo: no Tempo do Advento, podemos meditar os Mistérios Gozosos; no Tempo da Quaresma, os Mistérios Dolorosos; no Tempo Pascal, os Mistérios Gloriosos; no Tempo Comum, podemos meditar aqueles Mistérios que mais dizem respeito à Liturgia do dia.
4 – A comunhão: é o ato essencial desta devoção reparadora. Para compreender bem a sua importância, recordemos a devoção da comunhão das nove primeiras sextas-feiras, em reparação das ofensas contra o Sagrado Coração de Jesus, e a comunhão milagrosa dada aos três Pastorinhos de Fátima, pelo Anjo da Guarda de Portugal, no outono de 1916, de caráter eminentemente reparador, que evidencia-se na oração, repetida seis vezes, três vezes antes e três vezes depois da comunhão: “Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos de seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores”13.
Nessas quatro práticas da devoção dos cinco primeiros sábados, a intenção reparadora é muito importante, especialmente na comunhão, porque as ofensas contra o Imaculado Coração de Maria também ofendem gravemente o Sacratíssimo Coração de Jesus.
Esta prática da devoção reparadora como um todo pode ser também feita no domingo que segue o primeiro sábado, desde que seja, por motivos justos, autorizado por um Padre.
O poder e a eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria
Assim, a devoção dos cinco primeiros sábados em reparação pelas ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria nos foi revelada para que por ela muitas almas sejam salvas. Pois, cada vez mais em nosso tempo, multiplicam-se os ataques à dignidade, aos privilégios, às honras devidas à Virgem Maria. Além disso, há uma diminuição considerável do culto mariano em quase toda a Igreja. Sendo este o estado das coisas em nossos dias, a impiedade de muitos para com Nossa Senhora certamente deve ser incluída na intenção reparadora de nossa prática da devoção dos cinco primeiros sábados. Dessa forma, reparemos a honra de Nossa Senhora, tão ultrajada pela ingratidão dos homens, através da devoção que ela mesma nos indicou.
Em carta ao Bispo titular de Gurza, de 27 de maio de 1943, a irmã Lúcia nos ajuda a compreender o poder e a eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria:
Fonte: Canção NovaOs Santíssimos corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o Coração de Maria] porque dele se servem para atrair todas as almas a eles e isto é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas. Nosso Senhor me dizia, há alguns dias: “Desejo ardentemente a propagação do culto e da devoção ao Coração de Maria porque este Coração é o ímã que atrai as almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha misericórdia”14.
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