Gestos são capazes de manifestar amor e união
Pode parecer que, não queira responder à pergunta do título desta página, mas acredito que ajude nossa reflexão a consideração de alguns gestos da vida pública de Jesus, como são apresentados nos evangelhos.
Vamos lá! Fiquemos atentos aos verbos que indicam os gestos de Jesus. Como citam essas passagens : Ele se aproxima da sogra de Pedro e, tomando-a pela mão, levanta-a; a febre a deixou, e ela se pôs a servi-los (Marcos 1,29-31).
Um leproso aproxima-se dele e, de joelhos, suplica: “Se queres, tens o poder de purificar-me”. Jesus enche-se de compaixão e, estendendo a mão sobre ele, toca-o, sem nenhuma repugnância: “Eu quero, fica purificado” (Mc 1,40-45).
Em Betsaida, Jesus segurou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, impôs-lhe as mãos e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?”. Não enxergando bem, Jesus novamente impõe as mãos sobre os olhos e ele começou a enxergar perfeitamente (Mc 8,22-26).
Esses poucos, entre os muitos exemplos dos gestos de Jesus, que encontramos narrados nos Evangelhos, são uma expressão da realidade do ser humano.
Gestos manifestam o amor e a união
O filósofo francês, de inspiração cristã, Emmanuel Mounier, na sua obra sobre “O Personalismo”, publicada em 1949, indicava como primeira característica do homem, o fato dele ser uma “existência incorporada”. Para Mounier, a expressão “existência incorporada”, ou “existência encarnada” mostra que, entre alma e corpo, há uma profunda unidade. “Não posso pensar, ele afirma, ser sem meu corpo: por meio dele eu estou exposto a mim mesmo, ao mundo e aos outros”.
Quantas vezes nós nos expressamos com os gestos! É suficiente pensar nos gestos expressos nas relações entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs, amigos. Ou, os gestos que expressam nosso respeito à pátria, quando ficamos de pé, cantando o hino nacional. Ao beijarmos nossos familiares, expressamos o amor que temos por eles. E quantos outros gestos manifestam este amor!
Os gestos expressam também nossa união com Deus, com Cristo, com Nossa Senhora e os santos. Nesse sentido, fazemos o sinal da cruz com água benta (sinal do batismo) ao entrar na Igreja. Nós nos ajoelhamos diante do Sacrário contendo o Santíssimo Sacramento. Ficamos de pé para a procissão de entrada, e fazemos inclinação de cabeça quando o crucifixo, sinal visível do sacrifício de Cristo, passa em procissão. Batemos no peito ao “mea culpa” (por minha culpa, minha tão grande culpa) etc..
Comunhão com Deus
Quando nós nos inclinamos, ficamos mais baixos. Reconhecemos a superioridade, naturalmente em grau diferente, de Jesus, de Maria, a “cheia de graça”, dos santos; que “souberam amar muito mais que nós”, a Deus e aos irmãos. Pedimos a intercessão deles, confessando nossa comunhão com eles.
Capela e altar são lugares sagrados, onde nós nos reunimos e expressamos nossa fé com palavras e gestos, inclusive inclinando nossa cabeça.
O importante é que esses gestos não fiquem apenas na exterioridade, mas, sejam manifestações sinceras da nossa comunhão profunda com tudo o que mais nos une a Deus.
Por Lino Rampazzo, via Canção Nova
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